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07-11-2013 00:00

Sou um falso hóspede deste lugar. Faço-me inquilino dele, mas moro sempre noutros lugares, noutros mundos. Durante muito tempo, sim, fui teu. Com mordomias aos meus próprios caprichos, e erradamente ocupado a qualquer evento fora deste. Fora deste, que fora o meu vício descomunal, e que de um modo sádico mas intenso, me sugava toda a felicidade (?) a cada palavra, a cada letra que se traduzia no reflexo dos meus olhos.

Deixei-te. Deixei-te sem me despedir, porque sabia que se o fizesse, certamente ficaria mais um dia. E mais um. Deixei-te para poder respirar sentimentos, fossem eles quais fossem. Pedi à ignorância que me acolhesse, pois a inteligência dá-nos pouco mais que tristeza, depressão.

Portanto voltei aqui, hoje. Continua tudo intacto, como se ainda ontem tivesse estado por cá. Mas não está, nem estive. Fecho os olhos a tudo que não me convém, e sigo a linha da felicidade cega. Maior desvantagem? Deixei de saber o que é a escrita. A vantagem surge quando sair daqui com mais memórias revividas. Quando mais ninguém esperar por mim, à porta.