2#: "A" minha série
Em 2013, desde o anónimo sujeito ao célebre persona, há uma actividade que nos denomina nos momentos de descanso, em casa, sozinhos ou em família: a televisão. Uns mais, outros menos, mas como em tudo, há um objecto televisivo que nos integra no seu ritual, e nos cativa todas as segundas-feiras à noite, ou naqueles sábados à tarde, de boxers (dos que só se podem usar em casa) e algo extremamente gorduroso mas deliciosamente comestível.
Eu, como mero mortal (até ver), não fujo à regra.
Tentando não relatar esta etapa da minha vida como um conto infantil, teria eu catorze/quinze anos quando me encontrava, todos os intervalos das minhas aulas, encostado junto ao banco a ler as minhas bandas-desenhadas da Marvel, sob o ruído dos jogos de futebol da minha turma. Eternamente apaixonado por uma rapariga da minha turma, passava muito bem os dias se pudesse apenas observá-la (de um modo não assustador, espero..). Como é óbvio, raramente conseguia dirigir-lhe qualquer palavra que fosse. E por assim continou.Fazendo agora a correspondência com o assunto objectivado neste texto, toda essa rotina, apesar de obviamente pouco social, era-me reconfortante. Sentia-me no meu confort zone, digamos assim. E, num dia normal como todos os outros, vi, por curiosidade, um episódio de uma série chamada THE O.C., de denominação jovem, onde basicamente (pese a redundância) um grupo de amigos, de alto estatuto social, têm as suas infindáveis aventuras e desafios de vida em Los Angeles California, Estados Unidos.
Apesar desta sinopse altamente fútil, esta série televisiva tornou-se para mim o abono dos meus dias muito rapidamente. Pelas características da série em si, das personagens, dos elementos culturais e musicais, facilmente senti-me "encontrado", como se os meus passatempos e conceitos fossem comercializados numa produção televisiva.
Coincidência ou não (gosto de acreditar na segunda possibilidade), essa ligação com o O.C. deu-me coragem para exportar os pontos positivos (basicamente sociais) da série para a vida real, não como imitação obviamente, mas como catapulta conceitual, em termos de amigos, raparigas, etc.
Em pouco tempo, ler banda-desenhada aos intervalos tornou-se engraçado para os restantes colegas, e constantemente perder-me no olhar da "tal" tornou-me romântico, e fê-la apaixonar-se por mim. As minhas músicas indie já não eram esquisitas, e o meu estilo de roupa passou a admissível (não exagero muito neste aspecto, não tinha mesmo bom gosto em particular).
Hoje, anos depois, não acho que tenha sido tão influente na minha personalidade, mas sim que funcionou perfeitamente para um impulso da minha confiança e auto-estima, em particular com o resto das pessoas à minha volta. Por isso, sim, recomendo esta série. É magnífica, independentemente da faixa etária, e foge totalmente com o conceito cliché de série para adolescentes, com sexo e festas como ingredientes principais. Quatro temporadas que valem (muito) a pena assistir.
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