#8: Memória de ti

22-05-2014 22:51

Quero escrever sobre ti. Os dias têm passado, e não posso correr o risco de me esquecer de ti. Do teu rosto. Dos teus olhos. Do teu corpo. Repito, não me posso esquecer de ti.

Quero acender um cigarro e lembrar-me do teu cabelo, suado e agarrado nas minhas mãos, inundados num aroma de nicotina. Quero abrir a garrafa de aguardente e sentir o teu cheiro, todo ele refúgio de uma noite de festa. Quero acordar e lembrar-me da alegria compulsiva que senti ao sair da tua cama. Quero deitar-me e lembrar-me do teu corpo, despido, puro, exposto. Mas principalmente, quero lembrar-me de ti, como algo que simplesmente não se ficou pela mera vontade. Quero lembrar-me de ti como algo que aconteceu.

Creio que a magia de todo este cenário é não pensar nele em demasia. Gostava de o embrulhar, e coloca-lo na gaveta mais antiga da casa. Ir lá de ano em ano, para mostrar aos meus amigos, como uma recordação de uma deambulante viagem por outro continente. Mas quando me lembro… enfim, quando me lembro. Como se ópio e heroína se fundissem e invadissem o meu organismo num estado eufórico, és tu toda essa (in)definição de alegria que percorre o meu corpo sem eu me sequer me aperceber do significado dele. Até porque não estou habituado a manifestações dessas.

Mas prometo não pensar mais em ti depois disto. Acho que mais do que a imagem, mais do que a parte visual, necessitava era mesmo de gravar estes sentimentos dos quais estou extremamente crente que não irei sentir nos próximos períodos da minha vida. Porque me deste a perversidade e a inocência, a impulsão e a atração, a independência e a loucura, tudo isso num só momento. Numa só noite. Da qual eu tudo faria para não sair dela. Da qual eu tudo faria para não sair de ti.

Estou apaixonado por alguém que nunca mais desejo voltar a ver. Mas de um bom modo, desta vez. Obrigado vida. Obrigado eu.