"Pessoa que me perdoe,
mas no dia em que festejavam o dia dos meus anos,
o mundo era meu e todos os relógios paravam.
No dia em que festejavam o dia dos meus anos, apesar das lágrimas, eu era a princesa do meu mundo encontrado.
Nunca, ninguém saberá, que nesse dia a minha alma voava doida de alegria, por ser única. Por ser Eu.
No dia em que festejavam o dia dos meus anos, havia um bolo, com cobertura de açucar, velas usadas e taças velhas de champanhe. E às vezes, também havia prendas.
E todos sabiam que era o dia dos meus anos.
Mas nunca ninguém se lembrou de me dizer o que fazer ou o que sentir, no dia dos meus anos.
Nem sequer do que esperar.
No dia a seguir.
Esperaram sempre que eu o soubesse. Percebesse. Só não sabiam como me custaria aceitá-lo também.
Um dia surgiu a indiferença e logo de seguida, a arrogância.
No dia em que festejavam o dia dos meus anos,
eu era feliz.
E sabia-o."
Ana Paula Ferreira, De Passagem