Antes Celta que Grego, antes qualquer coisa que Português.

15-11-2013 13:15

Enda Kenny, primeiro-ministro irlandês, o Celta corajoso, terminou com o resgate internacional e decidiu recusar qualquer programa cautelar, mostrando uma ambição de independência e de coragem mostrada já desde o início da recessão económica na Europa.

Há uns meses, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, confidenciaram - nos seus ingénuos sonhos - ao ouvido de Kenny, como dois alunos atrasados na matéria: "Mantemo-nos juntos, tu metes ali e eu faço igual, depois saímos todos juntinhos sem problemas", tentando harmonizar as suas palavras em tom harmónico para que não ficassem - quem diria - sozinhos neste laboratório do FMI, caramba!

Nesse mesmo sonho, provavelmente com uma harpa céltica como banda sonora, projectaram um consentimento do primeiro-ministro Irlandês, e naquela lenga-lenga estudantil - não tem mal em estarmos cá, porque está também o Zeca e o Jorge - foram apanhados de surpresa, numa "manhã submersa" que a Irlanda disse e com todo o direito - "fizemos os nossos trabalhos de casa, pensamos por nós mesmos mesmo com a vossa ajuda, agora deixem-nos seguir o nosso caminho" - que voltaria a ser indepedente a partir do dia 15 de Dezembro e que regressa sozinha, sem muletas, aos mercados.

Há coisas tão complexas na política, que mesmo as que não são, são forçadas a ser. Nem é preciso recorrer aos números, para ver a Reforma de Estado que a Irlanda executou, e os juros da dívida que ainda ontem registou. Mas se analisarmos com calma, facilmente reparamos que isto apenas se trata de um aluno que fez o seu trabalho e de outro que esteve sempre atrás do prejuízo, e só fazia os exercícios com o professor (FMI) a seu lado. E mal. Quando se viu danado, foi correndo atrás dos outros, e como é óbvio, são esses os últimos a sair da sala, juntamente com o seu amigo grego que tentou por tudo não o ser. Agora é só mais um renegado.

É pena que a situação do nosso amado País esteja inserida num contexto que é tão engraçado de observar como altamente deprimente. Uns foram leões e ninguém os abateu (como muita gente com interesses próprios insinuava), e os "cumpridores", como dizia Portas, ficaram metidos que nem ratos neste laboratório europeu em decadência

Neste momento, a dupla mais pequenina e renegada da Zona Euro, nos seus já solitários diálogos, até devem citar Oscar Wilde, também celta por sinal: "Ah! Não me diga que concorda comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errado..."